CONSELHOS SUPERIORES DE JUSTIÇA DA CPLP RECOMENDAM REFORÇO DA INDEPENDÊNCIA DO PODER JUDICIAL

CONSELHOS SUPERIORES DE JUSTIÇA DA CPLP RECOMENDAM REFORÇO DA INDEPENDÊNCIA DO PODER JUDICIAL

Os Conselhos Superiores de Justiça da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) recomendaram o reforço da autonomia e da independência do poder judicial nos Estados-membros.

A recomendação consta da Carta de Luanda, aprovada durante a II Cimeira do Fórum dos Conselhos Superiores de Justiça dos Países de Língua Portuguesa, que decorreu de 8 a 9 de Outubro, em Luanda.

No primeiro dia dos trabalhos, várias entidades marcaram presença, entre membros participantes e convidados, com destaque para o Ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Marcy Lopes, que, em representação do Presidente da República, proferiu o discurso de abertura.

Ao dar as boas-vindas aos participantes, a Veneranda Juíza Conselheira Efigénia Clemente, Presidente Interina do Conselho Superior da Magistratura Judicial da República de Angola e Presidente da Cimeira, afirmou que o encontro traduz o espírito de união entre nações irmãs, ligadas pela língua portuguesa e pelos valores da justiça, da dignidade humana e do Estado de Direito.

 “Reafirmamos assim o nosso compromisso com a independência dos tribunais, com a valorização da magistratura e com o fortalecimento da confiança dos cidadãos nas nossas instituições”, declarou a Veneranda Juíza Conselheira.

A magistrada destacou ainda que o Fórum representa um espaço de diálogo e partilha de experiências que permitem construir soluções conjuntas para o fortalecimento dos sistemas judiciais dos países da CPLP.

 “A justiça não se constrói de forma isolada num mundo em rápida transformação, marcado por novos desafios jurídicos, sociais, tecnológicos e económicos.

Os Conselhos Superiores de Justiça assumem um papel determinante na preservação da independência dos tribunais, na dignificação da magistratura e na garantia de uma tutela jurisdicional efectiva”, frisou.

Segundo Efigénia Clemente, a confiança dos cidadãos na justiça depende da transparência, celeridade e qualidade das decisões judiciais, bem como da forma como os Conselhos Superiores exercem a sua missão constitucional enquanto garantes de um poder judicial independente, ético e comprometido com o interesse público.

Por sua vez, o Ministro da Justiça e dos Direitos Humanos, Marcy Lopes, destacou que a separação de poderes deve ser entendida de forma dinâmica, permitindo uma cooperação institucional entre os três órgãos de soberania. Sublinhou igualmente que a autonomia administrativa e financeira dos tribunais deve observar os limites definidos pela Constituição e pela lei, não podendo ser interpretada para além dos marcos legais estabelecidos.

A Juíza Conselheira Daniela Pereira Madeira, representante do Presidente do Conselho Nacional de Justiça do Brasil e Vice-Presidente do Fórum, considerou o encontro um espaço de construção de soluções colectivas no seio da CPLP.

 “A separação de poderes é essencial para travar qualquer tentativa de interferência externa e preservar um Estado de Direito democrático”, afirmou.

O Juiz Conselheiro João Cura Mariano, Presidente do Conselho Superior da Magistratura de Portugal, país que acolhe a sede da Comissão Permanente do Fórum, realçou que a independência dos tribunais é a linha condutora comum dos sistemas judiciais da CPLP e um pilar fundamental na consolidação do Estado de Direito democrático.

Já o Coordenador Residente do Sistema das Nações Unidas em Angola, Diego Zorilla, sublinhou que um poder judicial independente garante direitos fundamentais, assegura o equilíbrio entre os poderes do Estado e constitui um pilar essencial do desenvolvimento sustentável.

No contexto das celebrações dos 50 anos da Independência de Angola, Zorilla considerou oportuno reconhecer o empenho dos magistrados e tribunais na consolidação da soberania e na aproximação da justiça aos cidadãos.

No encerramento do fórum, 9 de Outubro, foram aprovados vários documentos, com destaque para a Carta de Luanda.

O Brasil assumiu a presidência do Fórum dos Conselhos Superiores de Justiça da CPLP, Moçambique a vice-presidência e Portugal manteve a sede da Comissão Permanente. Foi igualmente designado o novo Secretário-Geral da Comissão Permanente do Fórum e tema da III Cimeira “Inovação, gestão e processos de organização”.